A PERFEIÇÃO VEM COM A PRÁTICA

A PERFEIÇÃO VEM COM A PRÁTICA
sylviabulhon@uol.com.br

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

CONTO : O AVENTAL DA TIA ELVIRA - PARTE 3

Em outros tempos... Veríamos Archidéa, neste momento saltitando pela loja e escolhendo um doce de cada sabor, enlouquecendo seu pai... Estaria a “ todo Vapor “!
Porém, o que se via aqui... Era outra cena.
Arquedéia ouvia, sim, mas captava outras falas com sua antena... Ai meu Deus repetia de vez em quando...
Seu pai a estava observando...


Escolheu um doce.
Ou melhor, Sr. Lino apontou: - É este?
E com a cabeça, Archidéa, fez que sim.
Saiu dali como se não tivesse entrado.
Nem se sujou para comer.
Nem gosto sentiu, com seu pai repartiu,
Onde já se viu?

Já de volta, com toda a pressa,
Os passos eram pequenos, mas corriam e apertavam a cada quarteirão, como se aprontasse um “chuvão”!
Quando em outro dia, seu pai viu isto então?

Ao chegarem a casa,
Entra desesperadamente pela porta,
Seu pai grita do portão,
- esqueceu querida, da frase: - abre-te Sésamo!
A chave está comigo,
Vai ter que esperar um momento...

Arquidéa entra num solavanco,
Atravessa a casa, entra pela sala e corre para a porta...

Mas, qual...
A boneca já não estava ali!

Archidéa pôs-se a chorar, em desespero,
Nem quis perguntar!

De repente, eis na frente,
Elvira, e seu pente.

Olha para Archidéa,
No chão encolhida,
Devolve-lhe o pente

- Isto não se faz Elvira, com nenhuma gente, diz Archidea em desespero.


E logo, vem à sua mente.
Quem não mais precisa de um pente?
A cabeça dos “cachinhos” em pedacinhos?


E chora, chora e chora...

Elvira queria mais que depressa,
Contar seu grande feito,


Foi até o quarto,
Pegou todas as roupinhas que fez com agulha e linha,
E pendurou num fio de varal,
Prendeu com pregador, e esticou o fio afinal
Como que satisfeita e feliz,
Já não era mais um aprendiz,
Era profissional!
Levou até a Archidéa,
Pediu que levantasse a cabeça no “três”
E um momento de silencio se fez!

Elvira que tudo cozia,
Transformou a cachinhos de ouro,
Fez roupas de todos os tipos,
Só não fez de couro!

E ASSIM... ARCHIDÉA, UM DIA, CONTOU ESSA HISTÓRIA PRA MIM!

CONTO : O AVENTAL DA TIA ELVIRA - PARTE 2

E ela respondia:
- não papai, eu tenho que pentear minha boneca...
O pai não sabia mais o que pensar.
Archidéa sempre largava tudo quando o assunto era passear.

No domingo, em outro tom, tornou a perguntar:
- Vamos passear.
As meninas correram em circulo pela casa.
Que desculpa nós vamos dar.
Ficou cada uma a pensar.

Não tendo como recusar.
Archidéa se pôs a pensar.
Onde colocar a cachinhos de ouro, para Elvira não a encontrar?

Pensou num baú, que ficava no corredor.
Abriu colocou bem no fundo e fechou,
Ela ficou três segundos, como que paralisada ali,
Abriu novamente e num salto, impediu-a de ali ficar.
Não, não, aqui ela vai encontrar...

Pensou, pensou... Dentro de um armário... No armário do próprio pai... Ah, não seria demais, poderia ser punida!


Quando o pai a chamou pela terceira vez,
Saiu numa corrida.
- já estou indo papai. Vou trocar meus sapatos.
Puxou num susto a porta que estava próxima a ela, mas antes perguntou:

- posso levar a cachinhos que você me presenteou?Já sabia na verdade, qual seria a resposta, seu pai não gostava que levassem brinquedos à mão em passeios....
E o silencio veio.
Tornou a puxar a porta, então. Após a última e única tentativa em vão!
Era uma porta que dividia a sala da cozinha, pouco ou nunca nela se mexia.
Colocou a bonequinha ali sentadinha, bem próxima à parede que dividia a sala da cozinha, porém bem escondidinha...

Foi com o pai afinal,
Escolher o doce, o doce fatal?
Esperamos que isto não acabasse mal.


Foi à doceira, como nunca se vira.
No semblante nenhum sorriso,
E os saltos que costuma ir dando, como se fosse ao paraíso... Nada.
Seu pai se consumia de preocupação, mas caminhava na mesma direção.
- Nenhuma palavra então? , disse ele.
- O que papai, o que foi que disse? , responde a filha.
Mostrava-se muito preocupada com algo, que ele não entendia.


Chegaram afinal, ao destino.
Ela foi logo recebida pelo Sr. Lino.
Como vai querida, estava com saudades dos cachinhos de ouro.

CONTO : O AVENTAL DA TIA ELVIRA - PARTE 1

Archidéa era quase uma irmã gêmea de Elvira.
Digo quase, porque não seriam univitelinas, eram diferentes na aparência e também nas atitudes, como todos nós. Embora parecessem não humanas, assim também o eram.
Uma moeda de grande valor, uma moeda daqueles tempos... Em ouro, uma representava um dos lados e a outra o outro lado. Uma moeda tem sempre a cara e a coroa, nunca ouvi dizer que um dos lados de uma moeda fosse liso, sem nenhuma impressão.
Pois bem, Elvira e Archidéa, eram inseparáveis e juntas tinham um valor incrível, inestimável!

Certo dia, Archidéa ganhou de seu pai uma boneca.
Archidéa gostava muito de bonecas. Mas esta, era diferente!
Ela tinha o rosto de biscuit, assim como os pés e as mãos,
Um rosto muito delicado e cabelos cacheados e loiros.
O corpo, porém era de pano. Recheado de retalhos de pano.

Elvira ganhou de seu pai, um kit de costura.
Elvira gostava muito dos afazeres de uma casa: cozinhar, costurar, cuidar!
E olhando para este presente, não via a hora de colocá-lo em prática. Porém, neste estojo não veio a matéria prima: o tecido.

Elvira passava o tempo vendo Archidea feliz com sua boneca pra lá e pra cá e ela, com seu estojo de costura no bolso do avental pra lá e prá cá... Não via a hora de colocar em prática ! Sonhava que estava colocando a linha no buraco da agulha e que ia para cima e para baixo cosendo um tecido que iria se transformar. No final via-se cortando a linha já curtinha no final do trabalho com aquela linda tesourinha... E num pulo acordava... quando isto iria de fato ocorrer? Não tinha nenhum tecido para coser.

O pai das duas meninas, muito carinhoso, as levava para passear muitas das vezes.
O local predileto de Archidéa era na doceira próximo de casa. Ela adorava doce.
Seu pai lhe deu esta boneca, porque o dono da doceira a chamava de: “cachinhos de ouro”. O cabelinho da boneca era semelhante ao seu.

Elvira, dificilmente aceitava. Gostava de ficar em casa, testando novas receitas na cozinha etc.
Archidéa, nunca recusava, corria coloca seus sapatinhos e já estava pronta.

Ocorre, que depois que ambas ganharam seus presentes, algo mudou naquela casa.
O pai notara no ar, que coisas diferentes andavam a estar...
Mas será?

Elvira e Archidéa não largavam um minuto sequer de seus presentes.
Isto fez o pai ficar orgulhoso, mas também preocupado!
Crianças brincam muito num primeiro momento e logo vão deixando de lado, e este não era o resultado!O pai estava realmente preocupado!

Investia no convite!
E nada.
Ninguém quer passear hoje?
- Arquidéa, - dizia, eu disse que podemos ir à doceira...