A PERFEIÇÃO VEM COM A PRÁTICA

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segunda-feira, 5 de abril de 2010

APROVEITANDO A CONVERSA

por Angelina Garcia
Dificuldade em manter diálogo com o outro? Saiba as possíveis razões

Todos reclamavam da dificuldade em manter um diálogo com Anália. Alguns chegavam a se irritar com a moça por não encontrarem espaço de troca, quando não obtinham resposta, ou a participação dela consistia apenas em um sinal afirmativo de cabeça, um sorriso inexpressivo, ou expressões prontas, como as tão desgastadas “com certeza” e “sem dúvida”. O que a impedia de se colocar, frente ao seu interlocutor?

Problemas de cognição estavam descartados, já que na escrita, ou em outras formas de comunicação, ela se saia muito bem. A questão, então, poderia estar relacionada a diversos outros fatores. Um, entre eles, seria a presença do outro exercendo pressão sobre ela. Antecipava uma imagem de si que não gostaria que fosse revelada. Travava-se ao acreditar que poderia parecer ridícula, óbvia, medíocre. Nesse caso, ou se menosprezava, ou não se sentia convicta de suas idéias, portanto, insegura para passá-las adiante.

Outra possibilidade seria que Anália fizesse parte daquele grupo formado pelos “desligados”, gente que presta pouca atenção ao que o outro diz. Acaba juntando pedaços daqui e dali e, quando solicitada, tenta, de maneira monossilábica, não contrariar o falante, evitando ser envolvida, sem querer, na conversa.

Poderia acontecer, também, que ela de fato não se interessasse pelos temas em discussão, ou pelo tipo de abordagem a que eram submetidos. Estaria ali obrigada pelas circunstâncias: por educação, para cumprir compromisso social, ou outros. Ou, ainda, considerava que os participantes da conversa nada tinham a acrescentar ao que ela já sabia.

A preocupação aqui é com o indivíduo muitas vezes sujeito a críticas, por não mostrar desempenho satisfatório no contato oral com o outro, com seus grupos, ou mesmo com um público maior. A questão é pessoal, devendo a cada um avaliar o quanto está sendo prejudicado, ou prejudicando os outros. Quem está de fora não ajuda em nada apontando como defeito o fato de alguém ser mais reservado, preferir mais ouvir que falar, ou mesmo ter mais dificuldade que outros para expor suas idéias. Cada um sabe onde a fivela aperta.

Se no contato direto, embora Anália não conseguisse se expressar a contento, mantivesse ativamente um diálogo interno com seu interlocutor, elaborando e reelaborando pontos de vista, estaria, sim, aproveitando a conversa. O outro poderia reclamar da falta de troca. Mas quem garante que a troca precisa ser imediata? No seu tempo, do seu jeito, ela encontraria canais de comunicação com os quais se sentisse mais à vontade para oferecer ao outro suas descobertas.

Deixemos as Análias serem como são; se se sentirem incomodadas, correrão atrás do prejuízo.

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