A Sopa Química - Nossa Alimentação Suicida - Parte VI
Por Jaime Benedetti
Do livro A Sopa Química - Milton Maciel - IDEL, 2008
PALEODIETA NOS DIAS ATUAIS - Uma visão realística
Como já mencionamos, não temos ilusão de que se possa voltar, coletivamente, a comer segundo os cânones naturais da dieta paleolítica. Estamos e vamos continuar sob o império do grão!
Ou seja, o cereal e a leguminosa chegaram para ficar. O problema é nosso. Nós é que vamos ter que continuar o infelizmente muito longo processo de adaptação genética ao consumo dessas sementes como base absolutamente dominante da nossa alimentação.
Como não existe a menor possibilidade que bilhões de seres humanos possam voltar à condição de caçadores-coletores, a dieta perfeita - a paleodieta - é simplesmente inviável coletivamente. Você e eu podemos adotá-la perfeitamente, mas ela é impossível para as grandes massas de população.
Toda a estrutura atual de produção de alimentos está baseada nas grandes monoculturas de grãos, principalmente de trigo, arroz, milho e soja. O grande parâmetro que mede agora a produção agrícola de um país é o total de grãos produzidos durante um ano - como, por exemplo, a produção brasileira de grãos em 2008, da ordem de 143 milhões de toneladas.
Isso daria mais de 2 kg POR DIA de grãos para cada brasileiro, o que corresponderia a uma ingesta diária de 6 400 Kcal por habitante, 2, 5 vezes o mínimo preconizado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), apenas na parte correspondente a esses grãos. Mas sabemos que as coisas não são assim, na prática. Na verdade, a maior parte desses grãos, principalmente soja e milho, acaba sendo direcionada para a produção de rações para animais, tanto dentro como fora do país, com uma maciça exportação dos mesmos.
Já no caso do trigo, especificamente para o Brasil, o que se tem é uma maciça importação deste cereal. O país é um sofrível produtor de trigo, importando cerca de três quartas partes do que consome.
Um problema tão sério, que as autoridades resolveram impor o uso de uma mistura de 10% de fécula de mandioca na farinha de trigo, a partir de outubro de 2008.
A notícia é boa para o país, mas pode não ser boa para padeiros e pizzaiolos. E para consumidores muito exigentes, porque é possível que algumas alterações no sabor e na consistência sejam percebidos, embora devam ser mínimas, já que a mistura vem sendo testada em laboratórios de universidades e indústrias há um bom tempo.
Mas a notícia é muito boa em termos de saúde pública: vai haver uma diminuição de 10% no teor de lectinas do trigo em todos os alimentos que forem elaborados a partir da nova farinha mista. E isso pode ser uma diferença fundamental para muitas pessoas.
O trigo é o mais importante cereal na nossa alimentação. Pães e massas constituem o alívio mais barato para a fome. Arroz e feijão o seguem em importância. Quanto menor o poder aquisitivo de uma família, tanto mais ela vai se entupir de farináceos em geral: pão pela manhã, macarrão no almoço, que pode ou não ter arroz e feijão, pão num eventual lanche da tarde, se este for possível; e pão de noite, outra vez, já que o café da noite substitui o jantar em um grande número de domicílios. Se houver proteína animal disponível, o mais provável é que ela ocorra como ovos e carne de frango - ambos meramente milho e soja transmutados, com suas respectivas lectinas a bordo das rações utilizadas.
Mas para você, individualmente, não é nada complicado passar para a paleodieta. Pode ser psicologicamente difícil, uma vez que estaremos frente a frente com uma dependência, um costume de décadas, criado na mais tenra infância. Mas o conselho mais prático e mais simples, direto, sem rodeios é: Esqueça o trigo!
E depois, vá se livrando dos outros grãos progressivamente, deixando o arroz para o fim. Faça o mesmo com os laticínios, açúcares refinados e óleos e gorduras vegetais. Torne-se, em contrapartida, um grande comedor de frutas, legumes, verduras, castanhas e raízes. Mas deixe a batata de lado. Use a mandioca em seu lugar. E complemente tudo com generosas porções de proteínas: ovos, castanhas, carnes magras. Ou, para os vegetarianos, castanhas, ovos e proteína concentrada de soja. E, para os veganos, apenas está última mais as castanhas, obviamente...
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