A PERFEIÇÃO VEM COM A PRÁTICA

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sylviabulhon@uol.com.br

quarta-feira, 7 de abril de 2010

QUE REI SOU EU

JÁ TEMOS MATERIAL SUFICIENTE PARA A PARTE II

SÓ SENTI FALTA DO ATOR ZIEMBINSKI, NO MAIS , NOTA 10.

VALE A PENA "LER" DE NOVO.


QUE REI SOU EU?


Trama/ Personagens:
- A história de Que Rei Sou Eu? se passa em um imaginário país europeu, Avilan, em 1786, três anos antes da Revolução Francesa. No reino de Avilan, o povo vive na miséria e enfrenta a instabilidade financeira e os sucessivos planos econômicos, enquanto os governantes são corruptos e desonestos. Através de Avilan, o autor Cassiano Gabus Mendes parodiava o Brasil. Que Rei Sou Eu? refletia também o momento histórico vivido pelo país, que se preparava para a primeira eleição direta para presidente da República depois de quase trinta anos.
- A trama tem início com a morte do rei Petrus II (Gianfrancesco Guarnieri), que não deixa sucessores legítimos, apenas um filho bastardo, Jean-Pierre (Edson Celulari). Na ausência de um herdeiro, os conselheiros reais, que exercem forte influência nas decisões da rainha Valentine (Tereza Rachel), resolvem entregar a coroa ao mendigo Pichot (Tato Gabus Mendes). A armação é obra de Ravengar (Antônio Abujamra), o bruxo do condado.
- Revoltado com a coroação de Pichot, Jean-Pierre se prepara para derrubar os poderosos vilões de Avilan. Jean-Pierre é um jovem corajoso, íntegro e destemido, que mantém um romance com duas mulheres: Aline (Giulia Gam), que trabalha no palácio, e Suzanne (Natália do Vale), mulher de Vanoli (Jorge Dória), um dos conselheiros do rei.
- O humor é a marca de Que Rei Sou Eu? Nada funciona direito em Avilan, nem mesmo a guilhotina, importada da Alemanha a peso de ouro, que só não falhara nos testes. Um dos núcleos de personagens cômicos é o dos conselheiros do reino de Avilan – uma crítica bem-humorada ao Congresso Nacional. Eram eles: Gaston Marny (Oswaldo Loureiro), o conselheiro das Armas; Bidet Lambert (John Herbert), conselheiro dos Mares num país que não faz fronteira com mar algum; Bergeron Bouchet (Daniel Filho), conselheiro da Moeda; Vanoli Berval, conselheiro do Rei; Crespy Aubriet (Carlos Augusto Strazzer), conselheiro do Trabalho; Gerard Laugier (Laerte Morrone), conselheiro da Alimentação.
- A moeda em Avilan mudava de nome constantemente. Antes de morrer, o rei Petrus II fez uma reforma monetária, e a moeda Caduco passou a se chamar Duca. A medida tirava três zeros da nova moeda que entrava em circulação. Em fevereiro de 1986, três anos antes de a novela ir ao ar, o governo de José Sarney anunciou o Plano Cruzado, que trazia uma nova moeda, o Cruzado, em substituição ao Cruzeiro, e congelava os salários e os preços de produtos e serviços. Em janeiro de 1989, um mês antes da estréia de Que Rei Sou Eu?, uma Medida Provisória mudou novamente a moeda brasileira: o Cruzado converteu-se em Cruzado Novo.
- Em determinado momento da trama, o conselheiro Crespy sugere que se acabe com os postos de pedágio nas estradas de Avilan, substituindo-os por selos que seriam comprados mensalmente e colocados na testa dos cavalos, numa alusão aos selos-pedágios que existiram no Brasil naquela época. Segundo o diretor Jorge Fernando, foi a partir dessa cena exibida pela novela que as pessoas começaram a perceber a relação direta que existia entre a fictícia Avilan e o Brasil.
- No final da história, o povo consegue invadir o palácio, eliminar os opressores, confiscar os baús da nobreza e tomar o poder. Numa das últimas cenas da novela, o líder dos rebeldes, Jean-Pierre, exclama diante do povo de Avilan: “Ninguém vai mais explorar o trabalho do pobre, agora quero que gritem comigo: viva o Brasil!”. Foi a primeira vez que o nome do reino fictício foi substituído pelo do Brasil.
- Dercy Gonçalves fez uma participação especial em seis capítulos da novela, no papel da baronesa Eknésia, mãe da rainha Valentine. Sua atuação mereceu destaque como um dos pontos altos da trama.
- Contando com um elenco de primeira, Que Rei Sou Eu? teve grandes interpretações, como a de Marieta Severo, no papel da feminista Madeleine Bouchet, e Antonio Abujamra, como Ravengar, uma mistura de bruxo, médico, astrólogo e hipnotizador, com influência sem limites na Corte. No final da história, depois do levante popular, Ravengar volta com o nome Richelieu Rasputin Golbery e oferece seus préstimos ao novo governo. Disfarçado de rebelde, ele coloca sua sabedoria à disposição do rei. O ator Stênio Garcia se destacou como Corcoran, o bobo da corte que fazia jogo duplo, atuando, na verdade, a favor dos revolucionários. Quem também brilhou foi Tereza Rachel, com a inesquecível caracterização da Rainha Valentine, que divertia a todos com suas gargalhadas agudas.

Produção:
- Grande parte do elenco teve aulas de acrobacia, dança, esgrima, malabarismo, além de orientação profissional sobre linguagem, gestos e costumes da época.
- A abertura de Que Rei Sou Eu?, desenvolvida por Hans Donner e sua equipe, mostrava conflitos ocorridos na história universal, através de oito seqüências cômicas, dando idéia de uma espécie de máquina do tempo. Depois de assistir a uma luta de vikings, a soldados napoleônicos e a uma marcha rumo ao fuzilamento, o telespectador via a vinheta chegar ao século atual, com um soldado cavalgando um obus em meio a Segunda Guerra Mundial. Para obter o efeito, foram usadas espoletas e uma alavanca que levantava terra no momento da explosão. A vinheta indicava ainda mistérios sobre acontecimentos futuros, lançando mão de figurinos caracterizados e de uma nave espacial. No final, a guilhotina caía, e a coroa voava.
- A cidade fictícia de Avilan foi construída na Estrada dos Bandeirantes, em Jacarepaguá, no mesmo local em que, alguns anos depois, surgiria o Projac. A equipe de cenografia realizou uma pesquisa cuidadosa sobre as técnicas de arquitetura e construção medievais na região francesa da Normandia. A cidade cenográfica de Que Rei Sou Eu? tinha 2.200m2 de área construída e abrangia o palácio de Avilan e a vila, com 14 casas. A maior atração do cenário era, sem dúvida, o castelo, com 30m de frente e uma torre de 26m de altura. A equipe inovou no material utilizado, o que facilitou a construção da cidade: uma estrutura de ferro leve. A parte interna do castelo de Avilan contava, entre outras coisas, com a sala do trono, de 500m², e duas fontes que jorravam água, projeto do arquiteto Luiz Antonio Caligiuri.
- Para criar os figurinos de Que Rei Sou Eu?, a equipe também pesquisou cuidadosamente sobre as vestimentas do século XVIII. Foram usados tecidos leves e cores específicas para cada grupo de personagens. Mais de 400 peças de roupa foram feitas especialmente para os figurantes.
- Um dos destaques do trabalho de maquiagem foi a caracterização de Corcoran como bobo da corte. O ator Stênio Garcia levava cerca de uma hora e meia para ficar pronto para entrar em cena.

Curiosidades:
- Segundo Daniel Filho, o autor Cassiano Gabus Mendes havia apresentado a ideia de Que Rei Sou Eu? em 1977, mas a direção da emissora avaliou que a trama não era adequada para a conjuntura política da época. Dez anos depois, a novela foi produzida e fez enorme sucesso.
- Chico Anysio chegou a gravar uma participação especial em Que Rei Sou Eu? como o especulador estrangeiro Taj Nahal, que aplicaria um golpe na bolsa e no mercado de Val Estrite do Reino de Avilan. A situação foi inspirada no caso Naji Nahas, o investidor paulista que, na época, protagonizava um escândalo financeiro no país e respondia a um inquérito por estelionato e formação artificial de preços na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. Ao saber da criação de Taj Nahal, o advogado de Naji Nahas entrou com um protesto judicial contra a TV Globo, afirmando que o personagem fazia um pré-julgamento de um cidadão que ainda não havia sido sentenciado pela Justiça, e que seu cliente exigiria direito de resposta no mesmo programa, caso a novela fizesse alguma referência satírica aos últimos acontecimentos. Diante disso, a emissora decidiu não exibir a cena.
- Em determinado momento de Que Rei Sou Eu?, o personagem de Edson Celulari é obrigado a usar uma máscara de ferro, como a usada pelo rei da França em O Homem da Máscara de Ferro, livro de Alexandre Dumas.
- A novela foi reapresentada em versão compacta de 70 capítulos entre outubro e dezembro de 1989, na faixa de programação Sessão Aventura, às 17h, um mês após a exibição do último capítulo.

Trilha sonora:
- Dois terços das músicas que compunham a trilha sonora de Que Rei Sou Eu? foram gravadas especialmente para a novela. O responsável foi o produtor musical João Augusto. A trilha conta com sucessos como Espanhola, de Flávio Venturini, e Bye, Bye Tristeza, de Marcos Valle e Carlos Colla, na voz de Sandra de Sá. O tema da abertura era O Rap do Rei, do grupo Luni, composto por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho (Boni), então vice-presidente de operações da TV Globo. A vocalista do Luni era Marisa Orth, ainda desconhecida do grande público.



[Fontes: Depoimentos concedidos ao Memória Globo por: Aracy Balabanian (08/04/2002), Daniel Filho (19/07/2000), Fabio Sabag (28/01/2002), Hans Donner (14/06/2000), Jorge Dória (11/03/2002), Jorge Fernando (20/02/2002), Roberto Talma (19/09/2005) e Stênio Garcia (19/06/2002); Boletim de programação da Rede Globo, números: 828; “A choldra no palácio” In: Veja, 13/09/1989; ALMEIDA, Miguel de. “Um rap real” In: O Globo, 11/02/1989; “Cenários majestosos e um pesado figurino” In: O Estado de São Paulo, 29/01/1989; FERNANDES, Ismael. Memória da Telenovela Brasileira. São Paulo, Brasiliense, 1977, p.345-6; “Globo corta cena com paródia de Naji Nahas em Que rei sou eu?” In: Folha de S.Paulo, 20/07/1989; “Globo reprisa Que Rei Sou Eu? um mês depois” In: Folha de S.Paulo, 22/10/1989; MAUAD, Isabel. “O Reino de Avilan” In: O Globo, 23/01/1989; MEMÓRIA GLOBO. Dicionário da TV Globo, v.1: programas de dramaturgia & entretenimento. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2003; “Naji tira Taj Nahal da novela” In: Jornal do Brasil, 20/07/1989; RODRIGUES, Macedo. “Cômica Baronesa” In: O Globo, 07/07/1989; TOJAL, Altamir. “A Globo é o cenário” In: IstoÉ, 03/05/1989.]


LINK DA NOTÍCIA
http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYN0-5273-224157,00.html

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